sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Centro e a Natureza da Luta no Xadrez III

Fressinet, Laurent GM (2640) - Rausis, Igors GM (2498)
FRA Ch
2001.02.02
Eco C69

1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Bxc6 dxc6 5.0-0 f6 6.d4 exd4 7.Nxd4 c5 8.Nb3 Qxd1 9.Rxd1 Bg4

Esse lance é atualmente considerado como a opção mais ativa na variante que inicia com 5...f6. Embora permita o reforço na defesa do peão e4, por outro lado ocasiona o debilitamento das casas pretas nas diagonais g1-a7 e h2-b8, como será observado a seguir.

10.f3 Be6 11.Bf4 c4! 12.Cd4

E aqui reside um dos motivos do lance 9.Bg4. Normalmente, brancas jogariam aqui 12.Ca5, com a conhecida manobra de debilitamento do bloco de peões pretos na ala da Dama. Entretanto, esse lance é inviável, pois que seguiria 12...Bc5+, com ganho de tempo graças ao lance 10.f3.

12...0-0-0 13.Cc3 Bc5

Outro benefício proporcionado por 10.f3. Graças ao ganho de tempo proporcionado pelo lance 11...c4!, pretas desenvolvem o bispo de f8 a um local mais ativo, pressionando as casas centrais da posição branca.

14.Be3 Bd4

Evitando o golpe 15.Ce6 Be3+ 16.Rf1, com vantagem branca.

15.Bd4 Ce7 16.Ce2

Por sua vez, brancas adotam um plano que se encaixa adequadamente às exigências da posição. Deixando a casa c3 para o bispo, que assim irá pressionar a diagonal a1-h8, esse plano irá viabilizar o avanço da maioria quantitativa da ala do Rei.

16...b6 17.Bc3



Colocando o bispo a salvo de ataques com ganho de tempo (c5 ou Cc6 das pretas), e disputando a única coluna aberta no centro. Em relação a essa coluna, é importante registrar que, mediante ação branca nessa via, as pretas geralmente ficam impedidas de acessar o centro com o seu Rei. Brancas, pelo contrário, possuem livre trânsito ao centro pelo seu monarca (g1-f2-e3), que no momento oportuno poderá desempenhar papel decisivo na luta central e até mesmo no avanço de sua maioria.

17...Bf7 18.g4

Iniciando a mobilização da maioria quantitativa branca, ao mesmo tempo em que incrementa a ação do bispo na diagonal a1-h8.

18...h5 19.g5 fxg5 20.Bg7

Brancas conseguem um peão central passado. Entretanto, com a abertura de linhas decorrente das trocas necessárias para tanto, possibilitam às pretas melhoria de atividade de suas peças.

20...Thg8 21.Td8+ Txd8

Não permitindo às brancas o domínio da coluna “d” que ocorreria após 21...Rd8 22.Td1+

22.Rf2 Tg8

Se 22…Td2 23.Tc1, seguido de Re3 e a posição é muito difícil para as pretas.

23.Bf6 Cc6 24.Tg1 g4 25.f4



Uma imprecisão. Era melhor 25.Cf4, com controle absoluto das casas críticas d5-e5-e6-e7-f5-g5-g6-g7, e preparando desde já o caminho para o futuro avanço do peão de e4. A falange de peões f4-e4, imponente à primeira vista, será agora sujeita a ataque frontal, e em poucos lances o poderoso centro branco será convertido em forças dispersas.

25...Te8 26.Cc3

Se 26.Re3 Cb4 e pretas estão em vantagem.

26...b5 27.Te1

Se 27.a3 a5 28.Ca5 Te4 e pretas apoderam-se das linhas centrais.

27...b4 28.Cd5 b3!? 29.cb3?

Isso era tudo que as pretas queriam. Melhor 29.ab3 cb3 30.c4, mantendo controle firme da casa central d5.

29...cb3 30.a3 Bd5 31.ed5 Te1 32.Rxe1 Ca5 33.Rf2 Cc4 34.Bd4??



O erro decisivo, que só se explica por apuro de tempo ou perda de concentração. Era obrigatório 34.Rg3 Ce3 e pretas igualam.

34...Nd6!

Controlando a importante casa de bloqueio f5, com domínio das vias de acesso g3 e h4. O resto dispensa comentários.

35.Re2 Rd7 36.Rd3 Cf5 37.Bf2 Re7 38.Rc4 h4 39.Rb3 g3 40.hg3 h3 0-1

Nesta partida, apesar da expressiva vantagem auferida pelas brancas até a fase final, as pretas sempre se mantiveram vigilantes, sempre realizando lances com objetivo de dominar casas e linhas centrais, e nos descuidos cometidos pelo adversário souberam virar o resultado a seu favor.

a) Ruy Lopez – Variante Chigorin – abertura da coluna “d”

Essa variante da Defesa Morphy Cerrada da Abertura Ruy Lopez é caracterizada pela seguinte seqüência:

1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 (Defesa Morphy) 4.Ba4 Cf6 5.0-0 Be7 (Defesa Morphy Cerrada – a alternativa aqui seria a Variante Aberta da Ruy Lopez mediante 5...Ce4) 6.Te1 b5 7.Bb3 d6 8.c3 0-0 9.h3 Ca5 10.Bc2 c5 11.d4 Dc7

Essa é a Variante Chigorin, em sua forma moderna de tratamento, já que a original consistia na manobra Cc6-a5 e c7-c5 a partir do oitavo lance, antes do roque das pretas.

Também nessa variante a abertura da coluna “d” conduz a uma complexa luta pelo domínio do centro e de linhas centrais abertas.

12.Cbd2 Cc6 13.dc5 dc5


Esta posição já ocorreu em inúmeras partidas, e sobre ela cabem algumas considerações preliminares.

Uma olhada rápida na estrutura de peões e colocação das peças, revela uma situação aparentemente paradoxal: porque, detendo o lance de saída, que sempre lhe confere a dianteira no desenvolvimento nos lances iniciais da abertura, o condutor das brancas se sujeita a uma situação restringida como a que vemos aqui? Possuem apenas um peão na quarta fila, enquanto as pretas possuem três na quinta. Suas peças ocupam posições modestas, enquanto pretas as têm mais ativas.

A razão está em que toda essa aparente passividade esconde um potencial de expansão que é justamente proporcionado pela, digamos assim, ousada atitude do bando preto (que foi característica preponderante em Miguel Ivanovitch Chigorin, considerado o Pai da Escola Russa). E esse potencial será implementado mediante o plano detalhado a seguir.

Como alternativa aos lances 13.Cf1 e 13.d5, brancas decidem-se pela abertura da coluna “d”, confiando no domínio dessa via central, bem como na exploração dos postos avançados d5 e f5. O cavalo de f3 olha fixamente o peão de e5 como presa eventual, manietando as peças pretas em sua defesa, podendo ainda saltar a g5, h4 e mesmo a h2 para auxílio no ataque branco na ala do Rei. Já o cavalo de d2 pretende empreender trajeto via d2-f1-e3 (g3) - d5 (f5), postos avançados esses nos quais, até mesmo mediante seu sacrifício, irá colaborar o mais das vezes no tormentoso ataque que usualmente as brancas dirigem ao monarca adversário. Além disso, a partir de d2, esse cavalo também vigia a casa c4, inibindo ao menos por enquanto qualquer tentativa de ataque do oponente a base de b5-b4. O bispo de c1 tem a sua disposição a importante diagonal c1-h6 para implemento dos planos de ataque ao Rei. Além disso, também pode desempenhar papel decisivo quando, postado em e3, em face de seu controle sobre a diagonal g1-a7, colaborar em manobras de contra-ataque das brancas na ala da Dama, viabilizado por lances como a4, ab5 e b4, segundo o caso. O bispo de c2, expulso violentamente de suas posições mais ativas ao começo da abertura, quando agiu pelas diagonais f1-a6, a4-e8 e a2-g8, agora se encontra em situação passiva de simples defensor do peão de e4. Entretanto, enganam-se aqueles que pensam que sua função é apenas essa. Na realidade, o outrora orgulhoso “bispo espanhol” ainda irá desempenhar ações decisivas na luta que se avizinha. Isto porque, além de reforçar o domínio da casa f5, poderá ocupar com força devastadora a casa e4, em caso de uma troca de peças ou peões em f5. Além disso, quando pretas atacarem com seus peões na ala da Dama, poderá reassumir com força o seu poder de outrora na diagonais abertas a4-e8 e a2-g8. Em relação a Dama, a partir de casas-base como e2 e principalmente f3, irá desempenhar papel preponderante nas manobras de ataque ao monarca adversário. E sobre as torres, o papel agora passivo que desempenham será alterado pela ação nas colunas “g”, “f”, “e”, “d” e “a” segundo o caso.

Por sua vez, as pretas também almejam o domínio da coluna, o que em coordenação com a avalanche de peões na ala da Dama que já iniciou e, quando for o caso, o domínio do posto avançado em d3, terá recursos suficientes para alcance do equilíbrio, pelo menos. Seus bispos dispõem de diagonais importantes para se deslocarem, podendo ainda colaborarem na defesa do seu monarca. Os cavalos já ocupam posições ativas. Um deles encara o peão de e4 e o outro olha com volúpia as casas a5, b4 e d4. As torres estão aptas a encetarem atividades seja de ataque pelas colunas “b”, “c” e “d”, seja de defesa na coluna “g”. E a Dama atua como eficiente comandante de seus soldados e oficiais, seja apoiando o avanço na ala da Dama, seja agindo na defesa do seu Rei.

Esses são os planos que se apresentam para ambos os lados.

Logicamente esses planos, como é usual, subordinam-se a vários fatores, entre os quais jogam papel destacado a preparação técnica, a concentração, o talento e a determinação dos jogadores.

Nos dois exemplos citados a seguir, os temas mencionados para um e outro lado serão diligentemente aplicados pelo bando vencedor.

Destaque-se a consistência dos planos adotados. Dois jogadores de elite, que mais tarde viriam a ser campeões mundiais, foram inapelavelmente batidos pela correta condução da partida pelos seus correspondentes adversários...


Fischer, Robert James - Kholmov, Ratmir D C98
Capablanca Mem - Havana, 1965

1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Cf6 5.0–0 Be7 6.Te1 b5 7.Bb3 0–0 8.c3 d6 9.h3 Ca5 10.Bc2 c5 11.d4 Dc7 12.Cbd2 Cc6 13.dxc5 dxc5 14.Cf1

Com a intenção de levar essa peça aos postos d5 e f5, via e3 ou g3.

14...Be6 15.Ce3 Tad8

Pretendendo o domínio da coluna central aberta.

16.De2 c4

Incrementando a expansão na ala da Dama, e controlando o posto avançado d3. Entretanto, permite a instalação de um cavalo branco em f5, como será visto na próxima partida.

17.Cg5?!

Este lance é algo precipitado, abandonando o controle das casas centrais para ir atrás do canto da sereia que representa a pseudo-debilidade dos peões dobrados e6 e e5.

Essa configuração de peões deve ser avaliada com muito cuidado pelas brancas, porque nem sempre comprometem a posição do adversário. Pelo contrário, em muitos casos a característica de domínio central, representada pelo controle das casas d4-f4-d5-f5, bem como das colunas d e f, tornam as coisas favoráveis às pretas. A debilidade dessa estrutura poderá aparecer no final de partida, mas até lá...

17...h6 18.Ce6 fe6 19.b4?

Era necessário 19.Td1, controlando a coluna aberta para manter o equilíbrio.






19...Cd4!

E eis aí o castigo vindo, literalmente, ``a cavalo``... Explorando sua superioridade central, as pretas trocam um de seus cavalos para obter vantagem posicional expressiva, primeiro na ala da Dama, e após também na ala do Rei.

20.cd4 ed4 21.a3 d3!

Este lance é bem melhor que 21...de3, porque elimina o ativo bispo espanhol

22.Bd3 Td3

As pretas alcançaram seu objetivo de domínio firme da coluna central aberta, tendo inclusive postado uma torre no ponto avançado d3


23.Cg4 Rh7 24.e5 Cg4 25.De4+ g6 26.Dg4 Tf5

Assegurado o domínio central, as pretas dedicam-se a explorar as debilidades do adversário, trafegando com liberdade pelas casas brancas.

27.De4 Dd7 28.Be3 Dd5

Intentando trocar a peça mais ativa do adversário.

29.Dd5 Td5 30.f4 g5! 31.g3 gf4 32.gf4

Ocorre assim o complexo débil f4-e5, cujo peão atrasado de f4 será objeto de pressão, ao mesmo tempo em que a casa à sua frente servirá de ótima base de operação para o monarca das pretas

32...Tf8 33.Rg2 Rg6 34.Tg1

A compensação branca pela ocupação da coluna ``g´´ é apenas aparente. Como será observado, mediante incremento da pressão central e da iniciativa das pretas na ala da Dama, brevemente o domínio dessa importante coluna será invertido.

34...Td3

Retornando ao posto avançado, aumentando a pressão central, agora sobre o bispo de e3, que limitado pelos peões centrais de f4 e e5, não dispõe de casas satisfatórias para sua ação na parte final da partida.

35.Rf3+ Rf5 36.Tg7 Bd8

Minimizando os efeitos da invasão branca da sétima fila, pela ameaça de Bb6.

37.Tb7 Tg8

Invertendo o domínio da coluna g.

38.Tb8 Tg7 39.a4 h5!




Sacrificando o peão de b5, em manobra de desvio das forças do oponente, visando o arremate final mediante invasão de peças na ala do Rei.

40.ab5 ab5 41.Tb5 Bh4 42.Re2 Tg2+ 43.Rf1 Th2 44.Rg1 Te2!

Permanecendo no domínio absoluto da segunda fila.

45.Bb6 c3 46.Rf1 Th2 0–1



Kavalek, Lubomir - Karpov, Anatoly C98
Caracas , 1970

1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Cf6 5.0–0 Be7 6.Te1 b5 7.Bb3 d6 8.c3 0–0 9.h3 Ca5 10.Bc2 c5 11.d4 Dc7 12.Cbd2 Cc6 13.dc5 dc5 14.Cf1 Be6 15.Ce3 Tad8 16.De2 c4

Até aqui, a partida teve marcha idêntica a de Fischer - Kholmov.

17.Cf5

Esse lance ajusta-se melhor aos requerimentos da posição que aquele realizado por Fischer na partida anterior, pelas razões já mencionadas na parte introdutória desse item.

17...Tfe8

Se 17...Bf5 18.ef5 e brancas tem melhores possibilidades tendo em vista o forte domínio da casa central e4.

18.C3h4

Acionando mais uma peça contra o roque adversário, ao mesmo tempo em que incrementa o controle da casa f5.

18...Rh8 19.Cxe7 De7 20.Df3

Esse lance é bem típico desta posição. Saindo de sua posição passiva em e2, a Dama branca agora atua no controle da casa f5, ao mesmo tempo em que reforça o domínio da diagonal h1-a8, quando de eventual troca em f5.

20...Cd7 21.Cf5 Df8 22.Be3

Controlando a diagonal g1-a7, em especial as casas b6 e c5 de onde os cavalos pretos poderiam exercer pressão sobre a ala da Dama

22...Nc5? 23.Ted1?!

Disputando o controle da coluna central aberta, dentro dos pressupostos posicionais.


Entretanto, seria mais contundente 23.Cg7!, com expressiva vantagem.

Esse lapso das brancas prova uma vez mais que os planos de jogo devem sempre subordinar-se aos requerimentos da posição, lance a lance. O jogador deve estar sempre atento às respostas do adversário, Isto porque, não são raros os equívocos cometidos pelo lado que está na defesa, muitas vezes omitindo golpes táticos como ocorreu aqui.

23...f6

Percebendo a situação comprometida de seu roque, Karpov inviabiliza o sacrifício em g7. Contudo...

24.Td6!

Este lance encaixa-se adequadamente dentro do plano traçado pelas brancas. Não visa ganho imediato de material, e sim o domínio completo das linhas abertas no centro, o que conjugado com a forte posição do cavalo em f5, torna a defesa das pretas muito difícil.

24...Td6 25.Bc5 Td1+ 26.Td1 Dc5 27.Td6!

Persistindo no objetivo de domínio central.

27...Bf7

Se 27...Bf5 28.Td5 De7 29 ef5, o qual irá viabilizar a instalação do bispo espanhol na dominante posição central de e4, com superioridade branca.




28.Dd1

Com domínio completo da coluna central aberta.

28...Cb8 29.Td8

Invasão da posição adversária.

29...Dc7 30.Cd6

Incremento da invasão, forçando trocas das peças mais efetivas na defesa.

30...Td8 31.Cf7+ Df7 32.Dd8+ Dg8 33.Dd6!


Como já havia ocorrido na partida Lasker – Tarrasch, não convém ao lado que tem superioridade trocar peças mais ativas sem motivo suficiente para tanto.

Agora não era bom para as brancas trocarem Damas. A Dama branca continua firme no domínio da coluna central aberta, tocando as principais debilidades do adversário (peão de a6, o cavalo de b8 e o Rei encerrado na oitava fila). Esses fatores fazem com que pretas tenham de despender tempos valiosos para contornar tais dificuldades. Enquanto isso, o bispo espanhol irá para a base de operações e2, com controle das diagonais d1-h5 e f1-a6, auxiliando a Dama na pressão exercida em ambas as alas.

33... De8 34.Bd1 h5 35.Be2 Rh7 36.b3

Incrementando o poder de ação do bispo, fixando de uma vez por todas a debilidade de a6

36...cb3 37.ab3 Cc6 38.b4 Rh6 39.h4 Dc8 40.g3 Rg6 41.Dd1 Rf7 42.Bh5+

E aqui brancas já tem o primeiro retorno material como conseqüência de seu plano de jogo.

42...Re7 43.Bg4




Como corolário da queda do peão de h5, e talvez mais importante que isso, houve incremento da debilidade das casas brancas do oponente, por onde o bispo espanhol terá ampla liberdade de movimento, colaborando decisivamente para o assédio ao monarca adversário.

43...Dc7 44.Dd5 Cd8 45.Bf5 Cf7

As pretas não tem melhor opção, a não ser perder mais material em troca da melhoria de ação de suas peças para tentar obter o empate. Propor troca de Damas em c6 seria contraproducente, tendo em vista a mobilidade superior do bispo em relação ao cavalo, os peões fixos como alvo de ataque na ala da Dama e a superioridade material das brancas.

46.De6+ Rf8 47.Da6 Cd6 48.Da8+ Re7 49.Dg8 Cf5 50.ef5




Finalmente o temível bispo espanhol desaparece de cena. Entretanto, permanece a crônica debilidade das casas brancas, que agora irá se traduzir na queda de peões situados nas casas pretas da ala do Rei, e posteriormente do peão remanescente da ala da Dama.

50...Dc3 51.Dg7+ Rd6 52.Df6+ Rd5 53.Df7+ Re4 54.Db7+ Rf5 55.Db5 De1+ 56.Rg2 De4+ 57.Rh2 Rg4 58.Dd7+ Rf3 59.Qd2 1–0



1. Conclusão

O método de estudo dos lances iniciais e das fases posteriores da partida, aqui proposto, não é auto-suficiente, e muito menos se constitui no único caminho a ser seguido pelo estudioso. Pelo contrário, após ser adotado e compreendido, deve ser complementado com os refinamentos necessários em termos de busca das melhores posições, ou lances, que permitam o alcance dos objetivos tratados.

A par disso, ao longo do tempo, pode-se verificar a incrível capacidade de renovação de variantes nas mais diversas aberturas. Inclusive, muitas passam por períodos cíclicos de validade: o que era um lance bom passa a ser considerado ruim, para mais à frente ser resgatado e ser olhado como alternativa válida novamente.

Isto se encaixa dentro da capacidade inesgotável do espírito criador de todos aqueles que enxergam, no Xadrez, suas infinitas possibilidades de luta, onde as idéias são postas à prova do tempo, e no qual somente há lugar para aqueles que contestam, duvidam, e não se conformam com conceitos estáticos e considerados como verdade única.
Estes, por certo, sairão vencedores, como ocorreu com Morphy, Steinitz, Lasker, Reti, Alekhine, Tal, Fischer, Kasparov e muitos outros.

(Por: Ernesto Luiz de Assis Pereira elap@terra.com.br - Texto do Ciclo de palestras do Clube de Xadrez de Curitiba http://www.cxc.org.br/ realizada em 23-03-2005).

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